sexta-feira, 24 de abril de 2015

Lótus - Capítulo 2

           Voltaram para casa. Demoraram o triplo do tempo para chegar. Fizeram todos os ziguezagues requisitados por Malcolm e correram por todo o percurso o que os levou à exaustão. Ninguém aparentava tê-los seguido, mas não podiam deixar de tomar precauções. Malcolm se surpreendeu com o caminho tomado por eles. Todas aquelas ruas estranhas as quais ele sempre evitava acabavam por ser conectadas entre si, aquela experiência expandiu seu mapa mental e lhe deu mais confiança para andar na cidade. Lucas foi preparar o miojo para os dois e Malcolm foi checar as notícias, o que já havia se tornado um ritual para ele. Fora a parte que dizia que dois barcos de moradores que tentavam fugir foram dizimados pela guarda costeira, o resto era desinformação. Os dois comeram bastante e se sentaram no sofá para a maratona de jogos de tiro com a qual estavam acostumados.
           Lucas foi o primeiro a abaixar o controle depois de algumas horas, ele percebeu que Malcolm não estava com sua atenção focada no jogo, o que estava deixando as coisas bem fáceis pra ele.
- O que foi, cara? Alguma coisa te perturbando? - Perguntou Lucas.
           Malcolm abaixou seu controle e se levantou. Começou então a caminhar em círculos pela sala.
- Acho que chegou nossa hora.
- Do que você tá falando, cara? - Lucas se levantou.
- Já havíamos conversado a respeito disso. Temos que sair daqui. - Malcolm puxou um banco de madeira de um canto, sentou-se e então levantou-se novamente. - Os Hienas estão fechando o cerco pra gente. Daqui alguns dias eles estarão pichando a nossa rua, precisamos nos afastar dessa região antes que isso aconteça.
- Mas pra onde a gente iria?
- Pra longe. Pra qualquer lugar. A gente pode invadir uma casa qualquer e depois fazer umas patrulhas para melhor nos situarmos. Ainda mais agora. Não sabemos se eles sabem nosso nome ou até mesmo nossa fisionomia, precisamos agir pensando que sim. Prefiro uma surpresa boa a uma ruim.
- Eu entendo o que você quer dizer. É só que... - Lucas se deixou cair no sofá e contemplou o teto. - Essa é minha casa. A casa na qual fui criado e a casa em que eu descobri como criar a mim mesmo. É difícil deixá-la pra trás.
- Eu sei, mas esse tipo de pensamento pode ser nossa ruína.
- Você quis dizer a minha ruína, não é?
- Não, Lucas. Não vou te deixar pra trás. Se estou bem até agora foi por sua causa.
- Se eu não tivesse alugado o quarto pra você, provavelmente, estaria morando fora da cidade e não estaria passando por nada disso.
- Se você não tivesse alugado o quarto pra mim eu ainda estaria morando com meus pais, e acredite, prefiro minhas chances nesse inferno aqui.
- Obrigado cara. - Lucas olhou pra Malcolm e sorriu. - Só você pra me manter em foco.
- Relaxa. É recíproco. - Malcolm entrou no banheiro e de lá gritou. - Mas sobre sair daqui, o que você me diz?
- Vamos. Mas vamos amanhã de manhã. Vamos usar o resto do dia de hoje pra preparar o que a gente vai levar. Comida, algumas roupas e umas armas brancas. Vou levar a pistola que a gente achou na casa da Sra. Marjoire.
- Tá certo, mas não leva muita coisa não. Uma mochila com o necessário e uma sacola de viagem com o trivial. Se precisarmos abrir mão de alguma coisa para correr, a sacola vai primeiro.
- Bem pensado. Ainda temos umas horas de sol, o que me diz de fazermos um banquete com o que não formos levar?
- Miojo de quatro sabores diferentes. Isso é o que eu chamo de luxo.
           Os dois organizaram seus inventários com o tudo o que combinaram, a pistola acabou sendo esquecida no esconderijo, debaixo do colchão da cama de Lucas, e deixaram suas mochilas e sacolas de viagem num canto da sala. O preparo foi rápido e o sol ainda estava no céu. Malcolm se sentou no sofá com seu laptop para ler as notícias e Lucas foi preparar o jantar. Enquanto os miojos cozinhavam, Lucas saiu pela porta dos fundos, na cozinha, para respirar um ar "puro". Contemplou sua rua, talvez pela última vez, não queria ter de sair de lá, mas concordava com a necessidade. Aquela imagem ficaria gravada na mente dele. A casa rosa da Sra. Ieda, o corpo da Sra. Ieda largado na cadeira de balanço que ficava na sacada de sua casa, o carro vermelho caindo aos pedaços do Sr. Nakamura, a Laranjeira daquela velha ranzinza cujo nome ele nunca se lembrava. Tudo ficaria na memória dele, tudo tinha um significado pra ele. Com exceção daquele homem careca de camisa preta e calça jeans se arrastando no meio da rua, como se tivesse sido atacado por trinta cães raivosos.
           De início Lucas suspeitou que sua mente estivesse pregando uma peça nele, mas o homem continuou se arrastando em direção a calçada do outro lado da rua, então ele correu para ajudar. Quando chegou perto do homem conseguiu perceber que ele estava falando, para ninguém em particular, "me ajude". Sua voz era rouca e seca. Lucas não sabia quem era aquele homem, mas ele precisava de ajuda, e parecia precisar rápido.
           Malcolm se espantou quando a porta da frente se abriu, ele ainda achava que seu amigo estava na cozinha. Lucas explicou rápido toda a situação, e Malcolm, num pulo, foi ajudá-lo a trazer o homem pra dentro de casa. O homem estava desacordado. Aparentava ter uns trinta e poucos anos e tinha as roupas bem sujas. Colocaram-no na cama de Malcolm e checaram seu pulso. Ainda vivia. Malcolm fez uma checagem superficial do corpo do sujeito e não encontrou nenhuma ferida, talvez ele tivesse desmaiado de fome, mas teria de esperar ele acordar para descobrir.
- Ele estava se arrastando na rua? - Malcolm perguntou.
- É. Estava indo na direção da casa da Sra. Ieda.
- Lucas, não sei não. Nessa nossa situação, esse cara aparecendo repentinamente aqui na nossa rua...
- Eu sei, também acho estranho, mas temos a nossa regra. Damos a primeira chance, a pessoa vai, provavelmente, nos atacar por medo, então mostramos que somos caras legais e damos a segunda chance, se ainda assim a pessoa não cooperar, damos cabo dela. Esse cara aí não teve nem sua primeira chance ainda.
- Lucas, de todas as pessoas que a gente encontrou, quantas delas extrapolaram nossas chances?
- Contando com o cara de hoje cedo?
- É.
- Bom, todas. Mas não podemos virar as costas para todo mundo nem decidir quem vive e quem morre sem ter base no comportamento da pessoa. Se deixarmos toda nossa humanidade para trás não seríamos melhores pessoas que as Hienas.
- Eu sei, eu sei. - Malcolm se sentou na beirada da cama. - É só que... Eu não gosto de correr riscos.
- Pra sermos os mocinhos temos que sacrificar alguma coisa, isso é normal.
- Só não quero ter que sacrificar a minha vida, ou a sua.
- Relaxa cara, ninguém é capaz de derrubar a gente. - Lucas deu um leve soco no braço de Malcolm e saiu do quarto. - Vem que o miojo está pronto.

           Sem mais o que fazer os dois foram jantar. Escolheram a pequena mesa quadrada da cozinha como palco para sua última refeição naquela casa, se sentaram de frente um para o outro e começaram a comer. Era estranho saber que muitas das coisas que eles estavam fazendo poderia ser considerada a "última vez" naquela casa. Último banho, último sono, última refeição e, pra encerrar com chave de ouro, última vez que os dois seriam rendidos por um punk vestido de motoqueiro portando uma katana. O punk parecia estar na casa dos quarenta anos. Tinha um moicano colorido, uma jaqueta de couro preta com espinhos prateados de ferro saindo por todos os lados e um grande sorriso cinza pichado na frente e nas costas, usava uma calça jeans e uma bota preta de cano longo. Estava parado no corredor, assistindo a refeição dos dois. Ele apontou sua katana reluzente pra cara de Malcolm e riu.
- O que me motiva a fazer meu trabalho são essas caras de surpresa. - O punk disse dando a volta na mesa para se posicionar atrás de Malcolm.
           Malcolm e Lucas ficaram paralisados segurando seus garfos no ar. Na cabeça de Malcolm as peças estavam se encaixando e foi quando o punk segurou seu cabelo pela raiz com uma mão e encostou a lâmina da espada rente a seu pescoço e disse: "Vocês não deveriam ficar trazendo estranhos pra dentro de casa.", que tudo fez sentido. O careca logo entrou no aposento, confirmando a teoria de Malcolm. Lucas ainda demorou um pouco para perceber do que aquilo se tratava. O careca andou pela cozinha e pegou uma faca bem afiada de cima de uma bancada.
- Então vocês são os famosos Maicom e Lucas, não é? - O careca disse enquanto puxava uma cadeira e se sentava do lado de Lucas.
- Acho que era Malcolm. - O punk o corrigiu.
- Não importa. - O careca fez pouco caso enquanto limpava a parte de baixo de suas unhas com a ponta da faca. - Começa com esse daí que eu vou comer um miojo com o meu salvador aqui na cozinha. Tem um quarto pequeno no final desse corredor à esquerda.
- O prazer é todo meu.
           Lucas trocou o olhar com Malcolm enquanto este ia sendo levado para seu próprio quarto pelo punk da katana. Lucas não sabia o que ia acontecer. Já havia entendido que o careca e seu amigo eram membros dos Hienas, e o fato de um deles ter levado Malcolm sozinho para um quarto, significava que eram carniceiros e que tortura os aguardava.
- Cachinhos Dourados, você sabe o porquê de estarmos aqui, não sabe? - Disse o careca.
           Lucas não respondeu.
- Estamos aqui porque vocês dois roubaram do nosso estabelecimento. - Ele sorriu. - Seu amigo banguela que nos contou.
- Ele não era banguela. - Lucas sussurrou em resposta.
- Ele não era. Não antes de nós aparecermos. - O careca se levantou de sua cadeira e se sentou na de Malcolm. Com uma mão ele segurava a faca, pronto para estocá-la em direção ao peito de Lucas, com a outra o garfo com o qual comia o miojo. - Isso aqui ficou muito bom, depois me passa a receita.
            Lucas não podia acreditar. Tudo aquilo era culpa dele e de seu altruísmo. Nesse exato momento era possível que seu amigo estivesse sofrendo por causa disso.
- Você sabe quanto tempo eu fiquei deitado naquela rua esperando alguém sair da casa? Jorge estava com aquele binóculos estúpido espiando vocês daquela casa rosa, mas eu? Eu estava deitado no chão sujo esperando o sinal dele. - O careca parecia realmente incomodado. - É inacreditável como uma pessoa possa colocar tesoura três vezes consecutivas e ganhar o jogo. Três vezes! Quem é que repete tesoura três vezes? Diz pra mim, Cachinhos.
           Lucas correu com os olhos pela cozinha, sua fome não existia mais. Não havia nada que ele pudesse usar para se defender no alcance de suas mãos, apenas o garfo, mas não queria contar com aquilo. O único item de destaque na cozinha era a sacola de viagem na qual ele havia trazido o saque do mercadinho mais cedo, ela estava ali no chão, do lado da bancada e estava aberta. Ele olhou de volta para o careca e encontrou seu olhar, seu sorriso sujo o enojou. Ele precisava fazer aquilo, ele precisava tentar, pelo bem de seu amigo. Numa jogada rápida, Lucas empurrou a mesinha para a frente, de modo que ela batesse no peito do careca e limitasse seu movimento, usando o corpo do careca de apoio, tirou os pés do chão e empurrou mais forte para que seu corpo tombasse para trás junto com a cadeira. O careca estava preparado para matá-lo, mas não esperava aquele tipo de reação em específico. Ele estocou com a faca na direção do peito de Lucas, mas com a mesa travando seu torso não foi possível inclinar o corpo pra frente e, com Lucas caindo pra trás, não foi capaz de alcançá-lo. Assim que atingiu o chão, Lucas rolou para o lado e alcançou a sacola de viagem, colocou sua mão dentro dela e começou a tatear. O careca havia se libertado da mesa e já estava quase em cima de Lucas, a faca preparada para mergulhar em seu corpo.
- Boa tentativa, Cachinhos. - Disse o careca sorrindo. - Mas ela te custou a vida.
           No momento em que a faca desceu, ele rolou para o lado, esquivando do golpe. O careca não teve tempo de ver o pé de cabra que Lucas tirou da sacola antes que este atingisse sua têmpora com força, o suficiente para desmaiá-lo. O careca caiu no chão com um baque surdo e Lucas continuou olhando para ele, pronto para um segundo ataque caso se mexesse.
- Tomás? Tá tudo bem aí fora? - A voz abafada do punk veio de dentro do quarto fechado. - Tomás?
           Lucas se levantou assustado. Não tinha pensado que esse plano bolado de última hora daria certo, logo, não sabia o que fazer a partir dali. A porta dos fundos ainda estava aberta de quando ele saiu por ela mais cedo, poderia escapar sem fazer barulho algum, mas não podia deixar Malcolm no quarto com aquele maníaco. Mas ele não sabia o que estava acontecendo lá dentro, se entrasse de qualquer maneira o punk poderia matar Malcolm ou matar ele, ou matar os dois. Ele fugiu, segurou firme o pé de cabra, passou pela porta aberta e saiu correndo em direção à esquina. Quase chegando no final da rua, ele ouviu um barulho alto, algo como um tiro. No susto ele olhou pra trás enquanto corria, com isso acabou tropeçando em si mesmo e caiu no chão. Ralou uma das mãos e torceu o pé esquerdo. Ele se levantou rapidamente, mas quando seu pé esquerdo tocou o chão, a dor que sentiu foi tão intensa que acabou caindo novamente. Se arrastou até a esquina da rua, sentou estrategicamente atrás de um cercado de madeira e, por um pequeno buraco, ficou espiando sua casa, na esperança de algo acontecer. Ele sabia que havia ouvido um tiro, o som o fez lembrar da pistola que eles guardavam debaixo do colchão de seu quarto, mas não podia ser, o quarto pro qual o careca deu instruções ao punk era o quarto de Malcolm. Seria possível que o punk também tivesse uma arma? Será que ele gastaria munições assim por nada ou será que Malcolm tinha tentado se libertar assim como ele? Sua linha de pensamento foi cortada quando da porta da frente da casa Malcolm saiu correndo, carregando sua mochila no ombro. Ele nem sequer olhou pra trás, correu para a esquina com toda força que tinha. Lucas, o reconhecendo, esticou suas mãos e acenou para ele. Malcolm o viu e quando chegou perto de Lucas, o apressou para que levantasse e continuassem correndo.
- Não dá. - Lucas disse segurando seu tornozelo que já começava a inchar. - Torci meu pé enquanto corria. O que houve lá dentro.
- Eu peguei a pistola quando o punk saiu do quarto para checar o careca. Quando ele voltou eu estava preparado e ele não.
- Porque não fugiu pela janela?
- Eu precisava dar cabo daqueles caras, não podia contar com a sorte de despistar os dois. Estava hesitando em fazer alguma coisa com medo do careca fazer algum mal a você, mas quando ouvi o barulho na cozinha perdi o controle. Eu precisava saber o que tinha acontecido, se você estava bem. Aproveitei a oportunidade que tive.
- Espera, espera. Achei que a pistola estava no meu quarto.
- Estava. Graças a falta de senso de direção do punk ele acabou me levando pro seu quarto.
- Que sorte. Você matou o punk então?
- Aí é que está o problema. Acho que não. Não sei onde acertei o tiro, mas acertei. O punk caiu pra trás na hora e bateu com a nuca na parede do corredor. Soltei a pistola na hora, a cena daquele cara sucumbindo por minha causa foi demais pros meus nervos.
- Você já matou antes Malcolm.
- Eu sei, mas daquela vez foi diferente, foi tudo muito rápido, dessa vez eu me abaixei na lateral da cama, mirei na direção da porta e atirei quando reconheci o punk. Dessa vez eu sabia que ia matar. Sei lá, não foi um sentimento legal.
- Foi necessário. Era eles ou nós.
- É, eu sei. Depois que soltei a arma passei por cima do punk e olhei pra cozinha, dava pra ver o careca caído. Aquilo foi obra sua?
- Culpado. - Disse Lucas levantando o pé de cabra.
- Antes de sair de lá correndo ouvi o punk gemer, ele não deve estar morto e não sei quando ele vai levantar, só sei que quero estar longe quando isso acontecer. Vamos sair daqui logo, eu consegui pegar minha mochila, já é o suficiente.
- Vamos sim, mas vamos bem lentamente porque meu pé está me matando.
- Tudo bem, se apoia em mim que eu...
           Malcolm parou de falar quando ouviu um grito desesperado numa voz conhecida, "Cadê você, seu covarde, volta aqui pra eu te matar!", eles olharam pelo buraco da cerca de madeira e viram o punk segurando sua katana na mão direita. Não dava pra saber onde o tiro havia acertado por causa do casaco preto, mas da sua mão esquerda pingavam gotas de sangue, logo, o ferimento não o impediria de correr. Malcolm sabia o que deveria fazer e Lucas sabia bem o que passava pela cabeça dele.
- Não cara, não faz isso, por favor.
- Eu preciso. - Malcolm o encarou nos fundo dos olhos. - Você não consegue correr, e não temos como combater aquele cara.
- Ele pode não vir, ele vai voltar pra checar seu amigo. Não faz isso, é sério.
           O punk gritou novamente, "Seus malditos, eu vou encontrá-los e acabar com vocês.". E foi quando ele começou a caminhar em direção à entrada da rua.
- Ele já está vindo. - Malcolm colocou sua mão no ombro de Lucas. - Relaxa, eu vou ficar bem. Agora se arrasta pra trás daquela lixeira e assim que der, me encontra no ponto B. Não volte pra casa. Não quero que você corra o risco do careca acordar ou do punk voltar. É sério, sua vida não vale esse risco.
                  Malcolm não deu tempo para Lucas se despedir. Ele saiu de trás da cerca e entrou no campo de visão do punk. Enquanto Lucas engatinhava para se esconder atrás da lixeira Malcolm gritou bem alto, "Sabe, eu vi uma vez em um noticiário que hienas comem as próprias fezes. Qual é o gosto?". O punk riu, o que Malcolm realmente não esperava, ele era detestável, mas ao menos fazia jus ao nome do seu clã. "Garoto, você está tão morto!", o Hiena gritou antes de sair em disparada na direção de Malcolm, que correu pra direção oposta de Lucas. Lucas não precisava nem ter se escondido, o Hiena nem se deu o trabalho de olhar pra trás. Ele assistiu enquanto seu amigo e seu inimigo sumiram em uma esquina. Esperou um pouco mais de tempo, para que conseguisse ao menos mancar, se levantou e se foi.