Voltaram para casa. Demoraram o triplo do tempo
para chegar. Fizeram todos os ziguezagues requisitados por Malcolm e correram
por todo o percurso o que os levou à exaustão. Ninguém aparentava tê-los
seguido, mas não podiam deixar de tomar precauções. Malcolm se surpreendeu com
o caminho tomado por eles. Todas aquelas ruas estranhas as quais ele sempre
evitava acabavam por ser conectadas entre si, aquela experiência expandiu seu
mapa mental e lhe deu mais confiança para andar na cidade. Lucas foi preparar o
miojo para os dois e Malcolm foi checar as notícias, o que já havia se tornado
um ritual para ele. Fora a parte que dizia que dois barcos de moradores que
tentavam fugir foram dizimados pela guarda costeira, o resto era desinformação.
Os dois comeram bastante e se sentaram no sofá para a maratona de jogos de tiro
com a qual estavam acostumados.
Lucas foi o primeiro a abaixar o
controle depois de algumas horas, ele percebeu que Malcolm não estava com sua
atenção focada no jogo, o que estava deixando as coisas bem fáceis pra ele.
- O que foi, cara? Alguma coisa te perturbando?
- Perguntou Lucas.
Malcolm abaixou seu controle e se
levantou. Começou então a caminhar em círculos pela sala.
- Acho que chegou nossa hora.
- Do que você tá falando, cara? - Lucas se
levantou.
- Já havíamos conversado a respeito disso.
Temos que sair daqui. - Malcolm puxou um banco de madeira de um canto,
sentou-se e então levantou-se novamente. - Os Hienas estão fechando o cerco pra
gente. Daqui alguns dias eles estarão pichando a nossa rua, precisamos nos
afastar dessa região antes que isso aconteça.
- Pra longe. Pra qualquer lugar. A gente pode
invadir uma casa qualquer e depois fazer umas patrulhas para melhor nos
situarmos. Ainda mais agora. Não sabemos se eles sabem nosso nome ou até mesmo
nossa fisionomia, precisamos agir pensando que sim. Prefiro uma surpresa boa a
uma ruim.
- Eu entendo o que você quer dizer. É só que...
- Lucas se deixou cair no sofá e contemplou o teto. - Essa é minha casa. A casa
na qual fui criado e a casa em que eu descobri como criar a mim mesmo. É
difícil deixá-la pra trás.
- Eu sei, mas esse tipo de pensamento pode ser
nossa ruína.
- Você quis dizer a minha ruína, não é?
- Não, Lucas. Não vou te deixar pra trás. Se
estou bem até agora foi por sua causa.
- Se eu não tivesse alugado o quarto pra você,
provavelmente, estaria morando fora da cidade e não estaria passando por nada
disso.
- Se você não tivesse alugado o quarto pra mim
eu ainda estaria morando com meus pais, e acredite, prefiro minhas chances
nesse inferno aqui.
- Obrigado cara. - Lucas olhou pra Malcolm e
sorriu. - Só você pra me manter em foco.
- Relaxa. É recíproco. - Malcolm entrou no
banheiro e de lá gritou. - Mas sobre sair daqui, o que você me diz?
- Vamos. Mas vamos amanhã de manhã. Vamos usar
o resto do dia de hoje pra preparar o que a gente vai levar. Comida, algumas
roupas e umas armas brancas. Vou levar a pistola que a gente achou na casa da
Sra. Marjoire.
- Tá certo, mas não leva muita coisa não. Uma
mochila com o necessário e uma sacola de viagem com o trivial. Se precisarmos
abrir mão de alguma coisa para correr, a sacola vai primeiro.
- Bem pensado. Ainda temos umas horas de sol, o
que me diz de fazermos um banquete com o que não formos levar?
- Miojo de quatro sabores diferentes. Isso é o
que eu chamo de luxo.
Os dois organizaram seus inventários
com o tudo o que combinaram, a pistola acabou sendo esquecida no esconderijo,
debaixo do colchão da cama de Lucas, e deixaram suas mochilas e sacolas de viagem
num canto da sala. O preparo foi rápido e o sol ainda estava no céu. Malcolm se
sentou no sofá com seu laptop para ler as notícias e Lucas foi preparar o
jantar. Enquanto os miojos cozinhavam, Lucas saiu pela porta dos fundos, na
cozinha, para respirar um ar "puro". Contemplou sua rua, talvez pela última
vez, não queria ter de sair de lá, mas concordava com a necessidade. Aquela imagem
ficaria gravada na mente dele. A casa rosa da Sra. Ieda, o corpo da Sra. Ieda
largado na cadeira de balanço que ficava na sacada de sua casa, o carro
vermelho caindo aos pedaços do Sr. Nakamura, a Laranjeira daquela velha
ranzinza cujo nome ele nunca se lembrava. Tudo ficaria na memória dele, tudo
tinha um significado pra ele. Com exceção daquele homem careca de camisa preta
e calça jeans se arrastando no meio da rua, como se tivesse sido atacado por
trinta cães raivosos.
De
início Lucas suspeitou que sua mente estivesse pregando uma peça nele, mas o
homem continuou se arrastando em direção a calçada do outro lado da rua, então
ele correu para ajudar. Quando chegou perto do homem conseguiu perceber que ele
estava falando, para ninguém em particular, "me ajude". Sua voz era
rouca e seca. Lucas não sabia quem era aquele homem, mas ele precisava de
ajuda, e parecia precisar rápido.
Malcolm
se espantou quando a porta da frente se abriu, ele ainda achava que seu amigo
estava na cozinha. Lucas explicou rápido toda a situação, e Malcolm, num pulo,
foi ajudá-lo a trazer o homem pra dentro de casa. O homem estava desacordado.
Aparentava ter uns trinta e poucos anos e tinha as roupas bem sujas.
Colocaram-no na cama de Malcolm e checaram seu pulso. Ainda vivia. Malcolm fez
uma checagem superficial do corpo do sujeito e não encontrou nenhuma ferida,
talvez ele tivesse desmaiado de fome, mas teria de esperar ele acordar para
descobrir.
- Ele estava se arrastando na rua? - Malcolm
perguntou.
- É. Estava indo na direção da casa da Sra. Ieda.
- Lucas, não sei não. Nessa nossa situação,
esse cara aparecendo repentinamente aqui na nossa rua...
- Eu sei, também acho estranho, mas temos a
nossa regra. Damos a primeira chance, a pessoa vai, provavelmente, nos atacar
por medo, então mostramos que somos caras legais e damos a segunda chance, se
ainda assim a pessoa não cooperar, damos cabo dela. Esse cara aí não teve nem
sua primeira chance ainda.
- Lucas, de todas as pessoas que a gente
encontrou, quantas delas extrapolaram nossas chances?
- Contando com o cara de hoje cedo?
- É.
- Bom, todas. Mas não podemos virar as costas
para todo mundo nem decidir quem vive e quem morre sem ter base no
comportamento da pessoa. Se deixarmos toda nossa humanidade para trás não
seríamos melhores pessoas que as Hienas.
- Eu sei, eu sei. - Malcolm se sentou na
beirada da cama. - É só que... Eu não gosto de correr riscos.
- Pra sermos os mocinhos temos que sacrificar
alguma coisa, isso é normal.
- Só não quero ter que sacrificar a minha vida,
ou a sua.
- Relaxa cara, ninguém é capaz de derrubar a
gente. - Lucas deu um leve soco no braço de Malcolm e saiu do quarto. - Vem que
o miojo está pronto.
Sem mais o que fazer os dois foram
jantar. Escolheram a pequena mesa quadrada da cozinha como palco para sua última
refeição naquela casa, se sentaram de frente um para o outro e começaram a
comer. Era estranho saber que muitas das coisas que eles estavam fazendo
poderia ser considerada a "última vez" naquela casa. Último banho, último
sono, última refeição e, pra encerrar com chave de ouro, última vez que os dois
seriam rendidos por um punk vestido de motoqueiro portando uma katana. O punk parecia
estar na casa dos quarenta anos. Tinha um moicano colorido, uma jaqueta de
couro preta com espinhos prateados de ferro saindo por todos os lados e um
grande sorriso cinza pichado na frente e nas costas, usava uma calça jeans e
uma bota preta de cano longo. Estava parado no corredor, assistindo a refeição
dos dois. Ele apontou sua katana reluzente pra cara de Malcolm e riu.
- O que me motiva a fazer meu trabalho são
essas caras de surpresa. - O punk disse dando a volta na mesa para se
posicionar atrás de Malcolm.
Malcolm e Lucas ficaram paralisados
segurando seus garfos no ar. Na cabeça de Malcolm as peças estavam se
encaixando e foi quando o punk segurou seu cabelo pela raiz com uma mão e
encostou a lâmina da espada rente a seu pescoço e disse: "Vocês não
deveriam ficar trazendo estranhos pra dentro de casa.", que tudo fez sentido.
O careca logo entrou no aposento, confirmando a teoria de Malcolm. Lucas ainda
demorou um pouco para perceber do que aquilo se tratava. O careca andou pela
cozinha e pegou uma faca bem afiada de cima de uma bancada.
- Então vocês são os famosos Maicom e Lucas,
não é? - O careca disse enquanto puxava uma cadeira e se sentava do lado de
Lucas.
- Acho que era Malcolm. - O punk o corrigiu.
- Não importa. - O careca fez pouco caso
enquanto limpava a parte de baixo de suas unhas com a ponta da faca. - Começa
com esse daí que eu vou comer um miojo com o meu salvador aqui na cozinha. Tem
um quarto pequeno no final desse corredor à esquerda.
- O prazer é todo meu.
Lucas trocou o olhar com Malcolm
enquanto este ia sendo levado para seu próprio quarto pelo punk da katana.
Lucas não sabia o que ia acontecer. Já havia entendido que o careca e seu amigo
eram membros dos Hienas, e o fato de um deles ter levado Malcolm sozinho para
um quarto, significava que eram carniceiros e que tortura os aguardava.
- Cachinhos Dourados, você sabe o porquê de
estarmos aqui, não sabe? - Disse o careca.
Lucas não respondeu.
- Estamos aqui porque vocês dois roubaram do
nosso estabelecimento. - Ele sorriu. - Seu amigo banguela que nos contou.
- Ele não era banguela. - Lucas sussurrou em
resposta.
- Ele não era. Não antes de nós aparecermos. -
O careca se levantou de sua cadeira e se sentou na de Malcolm. Com uma mão ele
segurava a faca, pronto para estocá-la em direção ao peito de Lucas, com a
outra o garfo com o qual comia o miojo. - Isso aqui ficou muito bom, depois me
passa a receita.
Lucas não podia acreditar. Tudo aquilo era
culpa dele e de seu altruísmo. Nesse exato momento era possível que seu amigo
estivesse sofrendo por causa disso.
- Você sabe quanto tempo eu fiquei deitado
naquela rua esperando alguém sair da casa? Jorge estava com aquele binóculos
estúpido espiando vocês daquela casa rosa, mas eu? Eu estava deitado no chão
sujo esperando o sinal dele. - O careca parecia realmente incomodado. - É
inacreditável como uma pessoa possa colocar tesoura três vezes consecutivas e
ganhar o jogo. Três vezes! Quem é que repete tesoura três vezes? Diz pra mim, Cachinhos.
Lucas correu com os olhos pela cozinha,
sua fome não existia mais. Não havia nada que ele pudesse usar para se defender
no alcance de suas mãos, apenas o garfo, mas não queria contar com aquilo. O
único item de destaque na cozinha era a sacola de viagem na qual ele havia
trazido o saque do mercadinho mais cedo, ela estava ali no chão, do lado da
bancada e estava aberta. Ele olhou de volta para o careca e encontrou seu olhar,
seu sorriso sujo o enojou. Ele precisava fazer aquilo, ele precisava tentar,
pelo bem de seu amigo. Numa jogada rápida, Lucas empurrou a mesinha para a
frente, de modo que ela batesse no peito do careca e limitasse seu movimento,
usando o corpo do careca de apoio, tirou os pés do chão e empurrou mais forte
para que seu corpo tombasse para trás junto com a cadeira. O careca estava
preparado para matá-lo, mas não esperava aquele tipo de reação em específico.
Ele estocou com a faca na direção do peito de Lucas, mas com a mesa travando
seu torso não foi possível inclinar o corpo pra frente e, com Lucas caindo pra
trás, não foi capaz de alcançá-lo. Assim que atingiu o chão, Lucas rolou para o
lado e alcançou a sacola de viagem, colocou sua mão dentro dela e começou a
tatear. O careca havia se libertado da mesa e já estava quase em cima de Lucas,
a faca preparada para mergulhar em seu corpo.
- Boa tentativa, Cachinhos. - Disse o careca
sorrindo. - Mas ela te custou a vida.
No momento em que a faca desceu, ele
rolou para o lado, esquivando do golpe. O careca não teve tempo de ver o pé de
cabra que Lucas tirou da sacola antes que este atingisse sua têmpora com força,
o suficiente para desmaiá-lo. O careca caiu no chão com um baque surdo e Lucas
continuou olhando para ele, pronto para um segundo ataque caso se mexesse.
- Tomás? Tá tudo bem aí fora? - A voz abafada do
punk veio de dentro do quarto fechado. - Tomás?
Lucas se levantou assustado. Não tinha
pensado que esse plano bolado de última hora daria certo, logo, não sabia o que
fazer a partir dali. A porta dos fundos ainda estava aberta de quando ele saiu
por ela mais cedo, poderia escapar sem fazer barulho algum, mas não podia
deixar Malcolm no quarto com aquele maníaco. Mas ele não sabia o que estava
acontecendo lá dentro, se entrasse de qualquer maneira o punk poderia matar
Malcolm ou matar ele, ou matar os dois. Ele fugiu, segurou firme o pé de cabra,
passou pela porta aberta e saiu correndo em direção à esquina. Quase chegando
no final da rua, ele ouviu um barulho alto, algo como um tiro. No susto ele
olhou pra trás enquanto corria, com isso acabou tropeçando em si mesmo e caiu
no chão. Ralou uma das mãos e torceu o pé esquerdo. Ele se levantou
rapidamente, mas quando seu pé esquerdo tocou o chão, a dor que sentiu foi tão
intensa que acabou caindo novamente. Se arrastou até a esquina da rua, sentou
estrategicamente atrás de um cercado de madeira e, por um pequeno buraco, ficou
espiando sua casa, na esperança de algo acontecer. Ele sabia que havia ouvido
um tiro, o som o fez lembrar da pistola que eles guardavam debaixo do colchão
de seu quarto, mas não podia ser, o quarto pro qual o careca deu instruções ao
punk era o quarto de Malcolm. Seria possível que o punk também tivesse uma
arma? Será que ele gastaria munições assim por nada ou será que Malcolm tinha
tentado se libertar assim como ele? Sua linha de pensamento foi cortada quando
da porta da frente da casa Malcolm saiu correndo, carregando sua mochila no
ombro. Ele nem sequer olhou pra trás, correu para a esquina com toda força que
tinha. Lucas, o reconhecendo, esticou suas mãos e acenou para ele. Malcolm o
viu e quando chegou perto de Lucas, o apressou para que levantasse e
continuassem correndo.
- Não dá. - Lucas disse segurando seu tornozelo
que já começava a inchar. - Torci meu pé enquanto corria. O que houve lá
dentro.
- Eu peguei a pistola quando o punk saiu do
quarto para checar o careca. Quando ele voltou eu estava preparado e ele não.
- Porque não fugiu pela janela?
- Eu precisava dar cabo daqueles caras, não
podia contar com a sorte de despistar os dois. Estava hesitando em fazer alguma
coisa com medo do careca fazer algum mal a você, mas quando ouvi o barulho na
cozinha perdi o controle. Eu precisava saber o que tinha acontecido, se você
estava bem. Aproveitei a oportunidade que tive.
- Espera, espera. Achei que a pistola estava no
meu quarto.
- Estava. Graças a falta de senso de direção do
punk ele acabou me levando pro seu quarto.
- Que sorte. Você matou o punk então?
- Aí é que está o problema. Acho que não. Não
sei onde acertei o tiro, mas acertei. O punk caiu pra trás na hora e bateu com
a nuca na parede do corredor. Soltei a pistola na hora, a cena daquele cara
sucumbindo por minha causa foi demais pros meus nervos.
- Você já matou antes Malcolm.
- Eu sei, mas daquela vez foi diferente, foi
tudo muito rápido, dessa vez eu me abaixei na lateral da cama, mirei na direção
da porta e atirei quando reconheci o punk. Dessa vez eu sabia que ia matar. Sei
lá, não foi um sentimento legal.
- Foi necessário. Era eles ou nós.
- É, eu sei. Depois que soltei a arma passei
por cima do punk e olhei pra cozinha, dava pra ver o careca caído. Aquilo foi
obra sua?
- Culpado. - Disse Lucas levantando o pé de
cabra.
- Antes de sair de lá correndo ouvi o punk
gemer, ele não deve estar morto e não sei quando ele vai levantar, só sei que
quero estar longe quando isso acontecer. Vamos sair daqui logo, eu consegui
pegar minha mochila, já é o suficiente.
- Vamos sim, mas vamos bem lentamente porque
meu pé está me matando.
- Tudo bem, se apoia em mim que eu...
Malcolm parou de falar quando ouviu um
grito desesperado numa voz conhecida, "Cadê você, seu covarde, volta aqui
pra eu te matar!", eles olharam pelo buraco da cerca de madeira e viram o
punk segurando sua katana na mão direita. Não dava pra saber onde o tiro havia
acertado por causa do casaco preto, mas da sua mão esquerda pingavam gotas de
sangue, logo, o ferimento não o impediria de correr. Malcolm sabia o que
deveria fazer e Lucas sabia bem o que passava pela cabeça dele.
- Não cara, não faz isso, por favor.
- Eu preciso. - Malcolm o encarou nos fundo dos
olhos. - Você não consegue correr, e não temos como combater aquele cara.
- Ele pode não vir, ele vai voltar pra checar
seu amigo. Não faz isso, é sério.
O punk gritou novamente, "Seus
malditos, eu vou encontrá-los e acabar com vocês.". E foi quando ele
começou a caminhar em direção à entrada da rua.
- Ele já está vindo. - Malcolm colocou sua mão
no ombro de Lucas. - Relaxa, eu vou ficar bem. Agora se arrasta pra trás
daquela lixeira e assim que der, me encontra no ponto B. Não volte pra casa.
Não quero que você corra o risco do careca acordar ou do punk voltar. É sério,
sua vida não vale esse risco.
Malcolm
não deu tempo para Lucas se despedir. Ele saiu de trás da cerca e entrou no
campo de visão do punk. Enquanto Lucas engatinhava para se esconder atrás da
lixeira Malcolm gritou bem alto, "Sabe, eu vi uma vez em um noticiário que
hienas comem as próprias fezes. Qual é o gosto?". O punk riu, o que
Malcolm realmente não esperava, ele era detestável, mas ao menos fazia jus ao
nome do seu clã. "Garoto, você está tão morto!", o Hiena gritou antes
de sair em disparada na direção de Malcolm, que correu pra direção oposta de
Lucas. Lucas não precisava nem ter se escondido, o Hiena nem se deu o trabalho
de olhar pra trás. Ele assistiu enquanto seu amigo e seu inimigo sumiram em uma
esquina. Esperou um pouco mais de tempo, para que conseguisse ao menos mancar, se
levantou e se foi.